Título: Impacto das mudanças climáticas na vulnerabilidade das espécies de lagartos (Reptilia: Squamata) da Amazônia

Aluna: Luisa Maria Viegas Becerra Urtiaga

Resumo:

A temperatura da superfície terrestre nas ultimas três décadas foi sucessivamente mais quente que todas as demais décadas desde 1850, e a tendência é aquecer ainda mais com o aumento previsto para a emissão de gás carbônico. Isto demonstra um aumento na velocidade com que o aquecimento global está progredindo, e acaba produzindo uma gama de novas pressões seletivas nas populações naturais. Por serem ectotérmicos, os lagartos tropicais são em geral bastante vulneráveis a tais pressões, uma vez que dependem diretamente da temperatura ambiente para manutenção metabólica. Para maximizar o ganho energético, a maioria destes animais vive em ambientes com temperaturas próximas ao seu ótimo de desempenho. Quando a temperatura ambiente ultrapassa esse ótimo e se aproxima do limite térmico máximo suportado, os lagartos utilizam como estratégia comportamental principal a restrição de atividade através de abrigos naturais, a fim de se evitar a morte por superaquecimento. Com o aumento da temperatura ambiental causado pelo aquecimento global, o número de horas de restrição de atividade destes animais aumenta, levando a uma diminuição no período de forrageio e consequente restrição metabólica, o que influencia a densidade populacional das espécies e aumenta o risco de extinção a nível regional e global. Em associação aos projetos coordenados pelo Dr. Barry Raymond Sinervo (Universidade da Califórnia) e Dr. Guarino R. Colli (Universidade de Brasília), respectivamente “Quantifying climate-forced extinction risks for lizards, amphibians, fishes, and plants” (National Science Foundation) e “Quantificação dos riscos de extinção induzida pelo clima em anfíbios, lagartos e plantas do Brasil” (CNPq PVE 71/2013), o presente trabalho visa avaliar se as mudanças climáticas podem potencializar a vulnerabilidade e risco de extinção das populações de diferentes espécies de lagartos na Amazônia brasileira. Neste contexto, três localidades foram avaliadas entre os meses de junho e setembro de 2015: a Floresta Nacional de Caxiuanã, a Reserva Florestal Adolpho Ducke e a Floresta Nacional do Amapá. Em cada uma delas, foram feitos experimentos com as diferentes espécies de lagartos encontradas para se definir suas temperaturas corporais preferenciais, bem como seus limites térmicos máximo e mínimo e temperaturas ótimas em atividade. A partir destes dados, foram calculadas curvas de performance térmica para cada espécie com N amostral igual ou superior a 10 indivíduos. Apenas Ameiva ameiva e Gonatodes humeralis alcançaram o N amostral mínimo em duas das três localidades amostradas, e portanto tiveram  suas curvas de performance térmica comparadas, com o intuito de se avaliar se há influência da localidade em seu desempenho térmico. Anolis fuscoauratus, Chatogekko amazonicus,Cnemidophorus cryptus e Arthrosaura reticulata alcançaram o N mínimo em uma localidade e Leposoma percarinatum alcançou o N mínimo somando as amostras de duas localidades. Para medir a temperatura ambiental e com isso calcular as horas de restrição de atividade das populações, foram instalados em pontos estratégicos da mata registradores térmicos associados a modelos representativos de espécies de pequeno e médio porte. Tais sensores captaram a temperatura ambiente durante um período de pelo menos 15 dias em cada localidade. Dados da temperatura média anual do ar serão adquiridos junto às estações meteorológicas mais próximas dos locais de experimentação. As curvas de performance térmica e a quantificação do risco de extinção das espécies serão calculados a partir do modelo matemático proposto em Sinervo et al 2010 e que vem sendo aperfeiçoado a partir dos dados coletados desde então. Espera-se testar a hipótese de que o risco de extinção estaria relacionado a baixas médias de Tb associadas a baixo Hr e alto Tmax que ao modo termorregulatório, fazendo com que as espécies de ambos os modos de termorregulação sejam suscetíveis de maneira equiparável.

Banca Examinadora:

  • Prof. Dr. Helder Lima de Queiroz - (MPEG) - Presidente

  • Prof. Dra. Ana Luisa Kerti Mangabeira Albernaz – (MPEG) – Titular

  • Prof. Dra. Ana Lúcia da Costa Prudente – (MPEG) – Titular

  • Prof. Dra. Marlúcia Bonifácio Martins – (MPEG) – Titular

Local: Sala 06 anexa ao Auditório Paulo Calvacante

Data: 29/02/2016

Hora: 09:00